Uma dor vertebral, articular ou muscular pode estar relacionada com uma desordem no funcionamento ou posição de alguma víscera.

Isso pode acontecer pela relação posicional entre as estruturas (os órgão estão próximos da coluna vertebral e ligados a estruturas corporais através de fáscias) e também porque de um mesmo nível vertebral pode sair inervação tanto para órgãos como para tecidos musculares (por exemplo: as primeiras vértebras lombares fornecem inervação simpática para o intestino grosso e para o quadríceps ao mesmo tempo).

Através da coluna vertebral, o cérebro faz o comando simpático e parassimpático de todas as vísceras (envia e recebe informações adequando o funcionamento de cada órgão de acordo com a necessidade no momento).

Quando um órgão está em disfunção posicional ou de funcionamento (mesmo antes de apresentar uma patologia médica), ele informa o Sistema Nervoso Central através de sua inervação (esta sai do órgão, vai em direção à coluna e em seguida manda a informação para o cérebro). Esse mecanismo pode gerar dor na altura da vértebra responsável pela inervação daquele órgão ou nas demais estruturas comandadas por esse nível vertebral.

Estas disfunções viscerais podem surgir por vários motivos: má postura, alimentação inadequada, uso de alguns medicamentos, questões emocionais, alteração hormonal, cicatrizes e etc...

Um exemplo simples sobre a relação entre dor musculoesquelética e alterações viscerais é a dor lombar e nas pernas em mulheres durante o período menstrual. Neste período, o aumento do peso do útero traciona o osso sacro através do ligamento uterosacral, isso pode gerar um bloqueio sacroiliaco (consequentemente dor). Através de ligamentos iliolombares e tecidos vizinhos, essa tensão pode chegar a musculatura da coluna (dor). A contração inadequada desta musculatura pode gerar um bloqueio vertebral (dor) e pode até comprimir raízes nervosas (dor local e a distância dos tecidos inervados por esse nível vertebral). Além disso, o bloqueio sacroiliaco pode gerar tensões na musculatura glútea e da coxa (dor) e isso pode levar a alterações na posição articular de quadril, joelho e até tornozelo (dor novamente). E como a inervação do útero é feita pelas últimas vértebras torácicas (inervação simpática) e pelo plexo sacral (inervação parassimpática), todos os tecidos que também recebem inervação destes níveis podem ser afetados.

Observando toda essa cadeia lesional, fica mais fácil entender porque na Osteopatia muitas vezes tratamos um local distante do sintoma. Em alguns casos o foco do tratamento precisa ser justamente uma víscera. O Osteopata corrige a tensão de ligamentos e fáscias que podem estar interferindo no posicionamento do órgão, estimula a vascularização e regulariza a inervação visceral para eliminar ou minimizar os sintomas locais e/ou a distância.